O brasileiro vem comprometendo mais e mais a sua renda e ampliando o nível de endividamento. Essa combinação poderia ser assustadora para credores em geral, mas não é. A inadimplência no crédito, embora em leve alta a partir do segundo semestre de 2011, é cadente se comparada ao passado recente.
Há três anos, quando os empréstimos foram incentivados pelo governo na estratégia contra os efeitos da crise financeira internacional, a taxa de inadimplência das famílias superou 7%. Hoje, ronda 5,5%. Esse declínio tem, porém, uma peculiaridade. É resultado, sobretudo, da queda vertiginosa da inadimplência nos bancos públicos. De 2009 para cá, esse indicador recuou de até 4,4% para 2,7%. No sistema bancário privado, os maus pagadores mostraram maior resistência. No mesmo período, a taxa de inadimplência deslizou do pico de 8,95% a cerca de 7,8%.
A evolução da inadimplência, apontada pelo Banco Central (BC) no Relatório de Estabilidade Financeira do segundo semestre de 2011, é apontada pelos bancos privados como limitadora para a redução do spread bancário.
Há um mês, o governo trava um embate com as instituições privadas para forçar a queda do spread, mas as discussões não terminam, inclusive, porque as estatísticas para essa taxa de juro são variadas. No balanço mensal que o BC faz sobre o crédito, o spread médio em dezembro do ano passado era de 33,7%. No semestral Relatório de Estabilidade Financeira, que cita dados do Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional (Cosif), o spread médio em dezembro era de 10,06%.
A taxa básica bem próxima à mínima histórica de 8,75% deveria - mas não garante - promover queda consistente dos juros do crédito ou do spread - diferença entre o custo de captação e aplicação de recursos pelos bancos.