[Hands-on] Nokia 808 PureView: uma câmera soberba (com um celular embutido)

O Nokia 808 PureView fez muito barulho e causou certa controvérsia no MWC desse ano. 41 megapixels de verdade encrustados na câmera de um celular? Soa bem absurdo, mais ainda depois que se sabe que o celular roda Symbian. O 808 PureView sairá no começo de junho (lá fora; aqui, em julho), então passamos algum tempo com um para ver se o seu sensor animal é realmente tudo o que a Nokia promete. Ainda que o Symbian não nos interesse muito, devo admitir que ficamos fascinados pelo sensor da câmera, ponto onde a maior parte desse hands-on se focará. (E perdão pelo trocadilho.) Como a Nokia já anunciou que lançará uma versão com Windows Phone mais para frente, considere isso como a entrada para o prato principal, ainda a ser anunciado. A tecnologia PureView que vem no 808 nasceu da parceria entre Nokia e Carl Zeiss, a qual aparentemente teve início após um papo de bar regado a muito álcool. A Carl Zeiss fornece o know-how ótico, enquanto a Nokia traz o colossal sensor de imagem, mais um monte de técnicas avançadas de processamento de imagem proprietárias. O resultado é um smartphone com uma câmera superior a praticamente qualquer outra disponível atualmente. No papel ela deveria deixar mais luz entrar e desbancar a maior parte das câmeras compactas dedicadas, sem falar em outros celulares com câmeras. Como ele é? Vamos deixar uma coisa bem clara: o 808 não é exatamente fino. É um celular rechonchudo, com um calombo pesado para acomodar a impressionante câmera. Na mão ele não parece enorme, mas é bem pesado. Uma coisa boa a respeito da lombada da câmera é que ele se acomoda muito bem no seu dedo indicador quando o celular é segurado em modo retrato, mas não tem como deixar de reparar no tamanho dessa coisa. A carcaça é de policarbonato, mas ela tem uma camada de cerâmica especial aplicada que aumenta a durabilidade e passa uma sensação agradável ao toque. O 808 passa a sensação de ser extremamente sólido e não enverga ou faz barulho algum — de forma alguma ele parece barato ou de baixa qualidade, como outros Nokia low-end. A câmera é realmente animal! A câmera basicamente é o 808 PureView; tudo no celular é feito para ela. Na realidade, vou mais longe e digo que ele é quase como uma câmera com um celular embutido, em vez do contrário. O botão de disparo dedicado abrirá a câmera, não importa o que você esteja fazendo ou se o smartphone estiver bloqueado. Ela inicia bem rápido também, o que evita a perda de momentos especiais enquanto você espera o app carregar. A Nokia dedicou um co-processador à câmera, que faz todo o trabalho pesado e também faz com que a câmera seja tão responsiva e ligeira. O único sinal de lentidão que você notará é imediatamente ao salvar uma foto em tamanho completo, mas é algo semelhante à experiência com a câmera do iPhone 4, por exemplo. O app da câmera da Nokia é bem competente, com incontáveis opções. Estão lá os modos tradicionais (automático e modos de cena para macro, retratos, paisagens e afins), mas ele também deixa que você personalize a fotografia muito, muito mais profundamente do que a maioria das câmeras compactas permite. Com uma opção “personalizar” você pode brincar com o ISO, balanço de branco, brilho, contraste, exposição, aplicar filtros sépia e preto e branco ou mesmo definir intervalos para time lapse. Há também um timer, mais a habilidade de fotografar em formato 16:9 ou 4:3. Infelizmente a Nokia não oferece nenhuma opção de HDR automático, mas você pode disparar três ou cinco fotos em sequência com a sua escolha de passos de exposição para fazer a sua própria composição HDR na pós-edição. Claro, também há opções de resolução para fotos de 2, 5 ou 8 megapixels, ou liberar todo o potencial do sensor de 41 MP. Vamos falar um pouco sobre o sensor de 41 MP: na prática você não tira fotos de 41 MP. Sim, o sensor tem 41 MP reais, mas dada a forma com que ele é usado em modo paisagem ou retrato em 16:9, você só consegue tirar fotos de 34 ou 38 megapixels, respectivamente — não que imagens de 30 e alguns megapixels não sejam grandes e detalhadas o suficiente, claro. Ainda que seja fácil tirar fotos em tamanho máximo com o 808, a Nokia recomenda ficar no automático na maior parte do tempo, o que resulta em imagens de 5 MP com oversampling para fotos incrivelmente claras. O modo automático funciona bem no geral, embora eu tenha tido dificuldades para acertar o foco de fotos macro no automático. Um toque rápido e você pode tirar fotos em tamanho completo, o que resulta em imagens gigantescas que variam de 11 a 15 MB. O detalhamento nelas é bem impressionante, especialmente quando você leva em conta que é só uma câmera de smartphone. Não tivemos a chance de testar o 808 em situação de pouca luz, mas o grande sensor de imagem significa que fotos em ambientes fechados ficam boas. Ajuda também o flash de xênon, o mais poderoso da Nokia até hoje, que fez um bom trabalho dentro de alguns metros. E ainda há o zoom digital sem perdas da Nokia, que funciona como o marketing da empresa diz, dando a você um zoom suave de três vezes sem perda de detalhes. Ele funcionou bem em ambientes fechados, mas 3x não o deixará tão próximo daquelas montanhas ao fundo na foto acima. A Nokia repensou a ideia por trás do zoom com uma câmera e, em vez do gesto de pinça ao qual você está acostumado, agora usa-se apenas um dedo para deslizar pela tela para dar zoom. Isso significa que você pode fazer tudo com o dedão enquanto segura o celular como seguraria uma câmera normal, solução que achamos bem mais intuitiva. Você também pode usar os botões físicos de volume para dar zoom, mas no fim das contas fazê-lo através da tela é mais prático. O que tudo isso quer dizer?A câmera é tudo o que a Nokia diz ser. Ela produz fotos em 5MP vivas e incrivelmente cristalinas com zoom digital que rivaliza com o ótico. Quando se abre o sensor completamente, você tem imagens incrivelmente detalhadas que são surpreendentemente claras e ricas para o tamanho dos pixels. A Nokia conseguiu de fato estabelecer um novo paradigma para imagens em câmeras de celular, tornando câmeras compactas e até mesmo algumas intermediárias obsoletas. Como dito anteriormente (mas você talvez perdeu caso tenha pulado para a conclusão), é quase como se o 808 PureView fosse uma câmera com um celular amarrado na traseira. Há um ponto bastante comprometido, porém, e é o tamanho. Os componentes da câmera são grandes e fazem com que o telefone todo seja bem maior do que os a que estamos acostumados hoje. Não iremos nem dizer que o Symbian é um problema para o 808 PureView porque sabemos que vocês dificilmente considerarão comprar esse smartphone enquanto ele rodar nessa plataforma. Ele é um belo precursor para o futuro Windows Phone/Lumia com a tecnologia PureView, porém. Sabemos que ele está no forno, sendo preparado, e se chegar ao mercado com uma qualidade pelo menos próxima à do 808 PureView, as fabricantes de câmeras terão motivos para ficarem preocupadas. Só esperamos que a Nokia consiga colocá-lo em uma dieta antes.