Quem presta atenção já notou: tem automóvel na rua com lataria parecida com a do carro do Batman. Talvez a intenção não tenha sido essa. O carro ficou assim por causa de um trabalho de personalização que virou moda entre os que gostam de uma exclusividade: o envelopamento de veículos.
Do que se trata? Basicamente é a aplicação de adesivo por toda a extensão de carro. No caso do “carro do Batman”, o adesivo usado é um preto fosco, que tem sido o mais procurado por quem se interessa por esse serviço. Mas há opções de diversas cores, assim como há proprietários de carros que pedem o envelopamento da lataria de uma cor, e as partes plásticas de outra. O branco é outra cor bastante procurada, na contramão de uma cultura paulistana, em que carro branco costuma ser táxi.
O fato é que a procura pelo envelopamento tem crescido no último ano, de modo que vale a pena conhecer alguns dos aspectos ligados ao processo – seja ele uma moda atual ou uma tendência para o futuro.
Não é qualquer adesivo que pode ser aplicado no carro. Ao visitar uma empresa de comunicação visual que faz o envelopamento de veículos, nossa reportagem encontrou o infeliz proprietário de um carro que havia sido adesivado (pelo antigo dono do veículo) com um material inadequado. O consumidor chegava à empresa com um pedido diferente: que o ajudasse a remover a cola e os restos de adesivo que não desgrudavam mais da lataria do seu “carro novo”.
O problema, neste caso, tem a ver com a escolha do adesivo certo. O material usado para o envelopamento deve ser um adesivo próprio para a aplicação automotiva. Um adesivo de alto padrão, com características de resistência às intempéries, resistência ao encolhimento e – imprescindível – que seja do tipo removível.
O carro do proprietário que estava se lamentando não tinha um adesivo removível. Quem quer que tenha feito o envelopamento usou um adesivo permanente, um tipo muito empregado em trabalhos de sinalização e comunicação visual. Esse adesivo tem uma cola muito mais forte, de modo que o vinil só se desgruda da lataria a muito custo. Resultado: a pintura do carro acaba saindo junto com o adesivo.
Mas usar o adesivo incorreto não é o único deslize possível neste tipo de trabalho. Por exemplo, a aplicação deve ser feita por uma empresa especializada, e o ideal é que a remoção seja feita pela mesma empresa.
Por exemplo, o adesivo não deve ser cortado muito rente ao término da peça (algumas empresas de comunicação visual fazem assim para economizar vinil). Primeiro porque mesmo os melhores adesivos poder sofrer algum encolhimento com o tempo; depois porque o acabamento pode ser prejudicado, já que, sem sobras, o aplicador não pode errar. “Um envelopamento total costuma levar 12 horas, com até três profissionais trabalhando no carro”, explica Rogério Lima, diretor da Criart Comunicação Visual, empresa especializada em sinalização e no trabalho de adesivar veículos.
Riscos do repintado
A repintura mal feita também pode ser prejudicial ao carro envelopado. Não é porque a pintura não aparece que ela não vai trazer problemas.
“Quando o carro volta de um reparo, há o risco da oficina não ter usado uma tinta de boa qualidade ou abusar do uso de uma massa plástica na preparação... Com isso, a tinta não vai ancorar da forma correta na lataria, e as chances de se desprender na retirada do adesivo se tornam maiores”, aponta Corrêa.
Mudou a cor, tem de registrar
Mudar a cor do carro com o envelopamento é uma decisão estética que tem consequências burocráticas. Quando a cor do carro muda, o proprietário precisa registrar a alteração no Departamento Estadual de Trânsito. Paga-se uma taxa de 370 reais no Detran, informando o número do chassi. Quem circula com as ruas com o carro de uma cor diferente da que está descrita no documento do veículo paga multa e perde cinco pontos na CNH.
Mas quando o carro é adesivado apenas em algumas partes, como o capô ou o teto, não é necessário registrar mudança.