Bomba nuclear perdida no litoral dos EUA em 1958 continua desaparecida

Os Estados Unidos não tiveram um bom ano em 1958, especialmente no que se trata do transporte de armas nucleares. Tiveram o caso da bomba nuclear derrubada sobre uma casinha de bonecas. E ainda o avião que carregava uma ogiva nuclear e pegou fogo, queimando por sete horas no Marrocos. Fora isso há o caso que ainda assombra a costa sudeste dos Estados Unidos cinco décadas depois – a perda de uma bomba termonuclear na costa da Geórgia. Uma colisão aérea entre um caça F-86 e um bombardeiro B-47 carregando uma bomba nuclear Mark 15 Mod 0 (PDF) durante um exercício de combate destruiu o caça e deixou o bombardeiro com um tanque e motor danificados (PDF). Sim, fazer uma simulação com uma bomba nuclear pronta para detonar é bizarro, mas oferece a preparação mais realista para um caso de combate. Depois de tentar aterrissar o bombardeiro (uma a três vezes, dependendo da fonte), o piloto do B-47 obteve permissão para abandonar a bomba nuclear na costa da Geórgia. Por mais idiota que o plano possa parecer, é a melhor das duas opções – fazer um pouso forçado em uma área povoada poderia matar a tripulação e contaminar a região, criando um incidente internacional. O incidente é a definição de um cenário broken arrow – um acidente envolvendo armas nucleares, sem o risco de começar uma guerra nuclear ou a intenção de ferir alguém. A bomba caiu em algum lugar próximo à baía de Wassaw, perto do delta do rio Savannah e um popular ponto turístico, a ilha Tybee, conhecida por suas belas praias remotas. A bomba deve ter caído em um ponto com uma profundidade de quatro a seis metros, antes de afundar em outros dois metros para sua tumba de silte e areia. Os militares procuraram pela bomba por nove semanas sem sucesso, usando mergulhadores e navios para vasculhar a região da ilha… com muito cuidado. A bomba continua na costa depois de 55 anos, sendo que uma busca realizada pelas forças aéreas dos Estados Unidos não teve sucesso em 2001 . Versões conflitantes A versão oficial do governo dos Estados Unidos é que o bombardeiro largou uma bomba nuclear “incompleta” – uma que continha um explosivo químico e urânio enriquecido, mas sem o núcleo de plutônio necessário para começar a fissão. Um documento oficial do congresso, datado de 1966, contradiz a versão de uma bomba incompleta, afirmando que a tripulação abandonou uma bomba completa. Uma MK-15 completa é capaz de uma explosão de 1,7 a 3,8 Megatons caso seja detonada apropriadamente, criando uma explosão térmica com um raio de 20 a 30 quilômetros. O paradeiro da bomba MK-15 é desconhecida, graças à passagem do tempo e os vinte e três furacões e tempestades tropicais que atingiram a área desde 1958. O residente de Savannah e militar aposentado Derek Duke estimou a localização da bomba a uma área do tamanho de um campo de futebol em 2004, depois de investir seu tempo livre medindo a radiação ambiente com um barco na região. Hoje ele acredita que seus dados são inconclusivos. Em 2001, a força aérea do país acreditava que a bomba estava segura em seu lugar e oferece pouco ou nenhum risco à população local e ao ecossistema. O estado da bomba é um enigma – a carcaça externa de liga metálica deve estar bem se estiver envolvida por silte. Mas se ela foi danificada e entrou em contato com a água salgada, o metal pode corroído, permitindo que o conteúdo da bomba vaze, incluindo o urânio. Danificar a bomba, caso ela seja encontrada, pode ainda expor a equipe de busca a perigos, caso ela realmente seja uma bomba nuclear completa, contendo um detonador de plutônio. Mesmo no caso da bomba ser realmente incompleta, um pouco de urânio enriquecido cercado por 180 kg de TNT é basicamente uma bomba suja – uma bomba suja no litoral de um porto em atividade. Capturar a bomba e o urânio enriquecido dentro dela seria um belo atalho para qualquer país interessado em se tornar uma potência nuclear. Crédito das fotos: T3rmin8tor, Bomba nuclear perdida no litoral dos EUA em 1958 continua desaparecida“>arquivos da força aérea norte-americana, Tybee Bomb e Google Maps.